“Engana-se, Estella! Faz parte de minha vida desde que a conheci, faz parde de mim mesmo! Eu a vi em cada linha que li depois da primeira vez que aqui vim, sendo ainda um pobre menino grosseiro e vulgar, um menino cujo coração feriu. Desde então esteve em todos os meus sonhos de futuro. No rio, nas velas dos navios, nos pântanos, nas nuvens, na luz, nas sombras no vento, no mar, nos matos e nas ruas foi a personificação de todas as fantasias graciosas que meu espírito concebeu. As pedras com que se construíram os mais sólidos edifícios de Londres não são mais reais do que a sua influência sobre mim. E lhe seria mais fácil deslocá-las com suas mãos de mulher do que afastar da minha vida a sua presença constante e sua influência. Aqui em toda parte. Hoje e sempre, Estella. Até a última hora da minha vida, Estella, viverá no íntimo do meu ser, será uma parte do pouco do bem e do pouco do mal que há em mim. Mas quando estivermos longe um do outro, nas minhas recordações eu a associarei sempre ao bem, só ao bem, porque deve me ter feito muito mais bem do que mal. Apesar do sofrimento atroz que agora sinto... Oh! que Deus a guarde! que Deus a Perdoe.”